Passamos por um momento de profundas mudanças, que devem acrescentar novos pontos à evolução do varejo no Brasil.
O comércio é uma forte atividade e sofre transformações de acordo com o desenvolvimento e com a adaptação da sociedade. Conhecer a história e a evolução do varejo no Brasil ajuda a compreender um pouco do comportamento do consumidor, como ocorreu a sua estruturação ao longo dos anos e quais são as tendências para o futuro.
Neste post, abordaremos toda a história do varejo no nosso país para que você entenda como se deu essa evolução, além das mudanças mais recentes provocadas pelas adaptações necessárias após a chegada da COVID-19.
Quer saber mais sobre o assunto? Então, leia este artigo!
Um breve resumo
A história do varejo no Brasil começou no período colonial, quando surgiram os primeiros armazéns. A cultura de varejo perdurou na sociedade nas épocas das plantações de café, algodão, cana de açúcar e muito mais, nas quais os consumidores adquiriam os produtos em pequenas quantidades.
Com o passar do tempo, o varejo passou por uma grande evolução influenciada pela globalização e pelo impacto das tecnologias e da internet. Inicialmente, em 1950, a venda em balcão deixou de existir, dando espaço para a liberdade de o consumidor escolher sozinho as suas próprias mercadorias. Mais adiante, a tecnologia e a internet transformaram a relação entre vendedor e consumidor, permitindo que as vendas acontecessem virtualmente, por meio de sites e redes sociais.
Além disso, com toda essa evolução, o varejo tem se tornado um mercado cada vez mais dinâmico e competitivo, buscando sempre estratégias e investimentos para alcançar novos clientes, fidelizar os antigos e aumentar as vendas e, consequentemente, o faturamento do estabelecimento.
A linha do tempo
Selecionamos algumas datas que marcaram a transformação do varejo no Brasil para exemplificar a evolução pela qual o mercado passou.
1500 – 1530: Colonização Portuguesa
Durante esse período inicial de colonização, os portugueses exploraram os recursos naturais do Brasil, principalmente o pau-brasil, utilizado na tinturaria. Os indígenas foram forçados a trabalhar como escravos na extração dessas riquezas. A economia colonial era baseada no mercantilismo, com o Brasil funcionando como um fornecedor de matérias-primas para a metrópole.
1649: Fundação da Companhia Geral do Comércio do Brasil
A Companhia Geral do Comércio do Brasil, fundada em 1649, foi criada para regulamentar e fortalecer o comércio colonial português, centralizando a importação de produtos europeus e a exportação de açúcar, tabaco e outras mercadorias brasileiras. Inspirada nas companhias de comércio europeias, buscava fomentar a economia açucareira, fornecer navios e financiamentos, e proteger o comércio contra ataques estrangeiros.
Apesar de contribuir para uma maior estruturação comercial, a Companhia enfrentou desafios como corrupção, má administração e resistência local. Seu monopólio gerou críticas, e problemas operacionais levaram à sua dissolução em 1720. Mesmo assim, deixou um legado de tentativas de centralização econômica e controle sobre o comércio colonial no Brasil.
1808: Chegada da Família Real ao Rio de Janeiro
A chegada da família real portuguesa ao Brasil trouxe mudanças significativas na estrutura social e econômica. Com a abertura dos portos às nações amigas, em 1808, o comércio se expandiu e surgiram as primeiras lojas de luxo no Rio de Janeiro, refletindo a influência europeia e o aumento do consumo de produtos de alto padrão.
1884 – 1959: Imigração e Desenvolvimento do Comércio
A chegada de milhões de imigrantes, principalmente italianos, alemães, japoneses e espanhóis, trouxe novas práticas comerciais e uma diversificação nos produtos oferecidos. Esse período viu o surgimento de vendedores ambulantes e feiras livres, bem como a criação de armazéns, que atendiam às necessidades de uma população crescente e multicultural.
1900 – 1930: Industrialização no Brasil
O início da industrialização no Brasil foi marcado pela produção de bens de consumo e o crescimento das cidades, o que fomentou o desenvolvimento do varejo. Com a urbanização, novas lojas e mercados surgiram para atender à crescente demanda dos trabalhadores urbanos.
1908: Inauguração das Lojas Pernambucanas
A rede varejista Pernambucanas foi fundada em 1908 por Herman Theodor Lundgren em Recife, Pernambuco. A abertura das Lojas Pernambucanas marcou o nascimento do primeiro magazine brasileiro, oferecendo uma variedade de produtos e serviços em um único local, introduzindo um modelo de negócios inovador que revolucionou o comércio varejista no Brasil.
1913: Fundada em São Paulo, o Mappin
O Mappin foi fundado em 1913 por Joseph Mappin e Walter Mappin, dois empresários ingleses que trouxeram para o Brasil o conceito de loja de departamento, inspirado nos grandes magazines europeus da época. Localizado no centro de São Paulo, o Mappin se tornou rapidamente um ícone da cidade e um ponto de referência para compras de artigos variados, incluindo roupas, móveis e eletrodomésticos. O Mappin foi pioneiro em oferecer um ambiente de compra elegante e sofisticado, que atraía a elite paulistana e se consolidou como um dos maiores varejistas do Brasil no século XX
1952: Inauguração da Mesbla em São Paulo
A Mesbla foi fundada em 1952, tornando-se uma das maiores redes de lojas de departamento no Brasil. A empresa oferecia uma ampla gama de produtos, desde eletrodomésticos até vestuário, e tornou-se um ícone do varejo brasileiro, conhecida por seu atendimento e produtos variados.
1953: Surgimento dos Primeiros Supermercados
O primeiro supermercado no Brasil, o “Sirva-se”, foi inaugurado em agosto de 1953 por Mário Wallace Simonsen, inspirado no modelo americano de autosserviço que oferecia uma ampla gama de produtos sob um mesmo teto. Este formato permitia que os clientes encontrassem tudo o que precisavam em um único local, economizando tempo e dinheiro. Em 1965, após a morte de Simonsen, a rede foi adquirida pelo Grupo Pão de Açúcar.
1966: Inauguração do Primeiro Shopping Center
A inauguração do shopping Iguatemi em São Paulo introduziu o conceito de centros de compras no Brasil, oferecendo uma experiência de compra centralizada e confortável. Este modelo atraiu tanto varejistas quanto consumidores, mudando o cenário do varejo no país.
1992: Primeira Loja Virtual do Brasil
Em 1992, o Magazine Luiza inovou ao lançar a primeira loja virtual no Brasil, idealizada por Luiza Trajano. Antecipando a importância do e-commerce, o modelo era revolucionário para a época e consistia em terminais instalados nas lojas físicas, onde os clientes podiam acessar um catálogo digital, visualizar detalhes dos produtos e realizar compras sem a necessidade de estoque local. Os produtos eram entregues diretamente na casa dos clientes em até 48 horas, eliminando a necessidade de vitrines tradicionais e proporcionando uma experiência de compra inovadora.
1995: Início do E-commerce no Brasil
Com a liberação da internet para fins comerciais, o Brasil começou a desenvolver seu mercado de e-commerce. Empresas começaram a explorar a venda online, aproveitando a expansão da internet e o acesso crescente dos consumidores.
2000: Surgimento da Banda Larga no Brasil
A introdução da banda larga facilitou o acesso rápido à internet, impulsionando o crescimento do e-commerce. Com conexões mais rápidas, os consumidores passaram a confiar mais nas compras online, aumentando o volume de transações.
2013: Integração Omnichannel
A integração de plataformas online e offline permitiu que varejistas oferecessem uma experiência de compra integrada, conhecida como omnichannel. Isso permitiu aos clientes comprar online e retirar na loja, ou devolver produtos comprados online, criando uma experiência de compra mais flexível e conveniente.
2015: Crise Econômica e Impacto no Varejo
Um ano desafiador para as empresas, devido à crise econômica enfrentada pelo país. O aumento no desemprego e a inflação em alta abalaram a credibilidade e diminuíram o ritmo de compra e venda, provocando uma retração de 4,3% no varejo, o pior quadro desde 2001, segundo dados do IBGE.
As mudanças provocadas pelo novo coronavírus
Os negócios que ainda não tinham se firmado no digital foram obrigados a aquecer esse mercado com a chegada do coronavírus. A principal medida adotada para conter a disseminação da doença foi o isolamento, o que abriu espaço para as compras on-line.
Muitas pessoas começaram a adquirir produtos pela internet, inclusive itens de necessidade básica ― comida e remédios, por exemplo. Essa mudança também provocou o aumento no uso de pagamentos digitais. A adquirente de cartões Cielo observou uma elevação no sistema de pagamento por link de 200%.
Ao mesmo tempo, a preocupação com uma crise econômica iminente e as incertezas em relação a um futuro próximo fizeram muitas pessoas reduzirem os seus padrões de consumo, seja por medo da perda de renda, seja para guardar dinheiro, seja, até mesmo, como consequência da redução de salário ou da demissão.
Entenda um pouco sobre as mudanças e tendências no varejo provocadas pela pandemia.
Mudança de hábitos
Em primeiro lugar, já observamos em supermercados a presença de totens ou borrifadores com álcool 70% para a desinfecção das mãos ao entrar no local. Além disso, é possível que haja um uso contínuo de máscaras, como já é hábito em alguns países, como o Japão. O compartilhamento de objetos de uso pessoal, como celulares, copos e canetas, deve ser abolido.
Por isso, como consequência, dificilmente veremos as demonstrações gratuitas em supermercados e em lojas de alimentos. Também há uma preocupação com a prova de roupas, havendo a necessidade de adotar medidas de desinfecção nos provadores.
Design das lojas
A facilidade de contágio pela COVID-19 aumentou os cuidados com a higiene e está provocando, nas lojas físicas, uma readequação dos espaços. Por isso, locais de convívio estão adaptando o seu conceito para passar a ideia de limpeza e de segurança.
Por isso, devem predominar lojas mais claras e arejadas, com o uso de muito vidro. O uso de madeira na composição dos espaços já vem sendo repensado. Também há o aumento do uso de plantas nos locais, como forma de quebrar a sobriedade, trazendo mais cor, vida e humanizando o espaço.
Fim dos caixas
A distância necessária entre pessoas para diminuir o risco de contágio faz com que elas evitem filas. Isso traz uma tendência de diminuição da presença de caixas nos comércios.
Os meios de pagamento devem migrar para tecnologias, como uso de links, carteiras digitais e serviços contactless.
Consumo consciente
Uma das grandes reflexões trazidas pela quarentena é a necessidade de consumo desenfreado. Embora as redes sociais tenham apresentado um mercado cheio de novidades e que acelerou muito as compras por impulso, essas necessidades estão sendo revistas não só no Brasil, mas mundialmente.
A exigência de isolamento fez com que muitas pessoas repensassem os seus padrões de compra e o impacto que provocam em suas vidas, passando a valorizar mais as experiências do que o produto. Além disso, outra possível tendência decorrente dessa mudança de comportamento é o consumo colaborativo, reforçando a sustentabilidade e os modelos de acesso a bens.
Valorização do comércio local
A preocupação em fomentar lojas de bairro e pequenos negócios, que foram diretamente afetados pela paralisação das atividades durante a pandemia, pode criar um novo espaço para esses empreendimentos.
Por meio de um atendimento mais personalizado e de detalhes, como entregas e fidelização, abrem-se novas oportunidades de valorização dos negócios de bairro, com delivery realizado por bicicleta e pedidos feitos diretamente por telefone ou WhatsApp próprio.
O e-commerce atual no Brasil
Mesmo com o cenário de instabilidade econômica no país, o setor de e-commerce no Brasil continuou a se desenvolver significativamente. Em 2019, o e-commerce brasileiro cresceu 22% em relação ao ano anterior, com um faturamento de R$ 75,1 bilhões, conforme o relatório NeoTrust. Esse crescimento foi impulsionado principalmente pela participação do público feminino, que representou 52,1% das compras no ano, apesar de ter um ticket médio menor do que os homens.
Com a pandemia em 2020, muitas empresas migraram para o comércio eletrônico ou reforçaram seus canais de vendas online para mitigar os impactos do isolamento social. Segundo o Compre & Confie, o faturamento dos e-commerces brasileiros em abril de 2020 foi 81% maior do que no mesmo período de 2019, com 24,5 milhões de compras online, predominando o setor de Alimentos & Bebidas.
O m-commerce (comércio móvel), que refere-se às compras online feitas por dispositivos móveis como smartphones, também se destacou como uma tendência importante. Com o uso crescente de celulares, o m-commerce ganhou relevância, exigindo sites responsivos e estruturas adaptadas para telas menores. De acordo com o relatório Webshoppers, o m-commerce já representa cerca de um terço das compras online no Brasil, sendo um dos principais impulsionadores do crescimento do e-commerce no país.
Mais recentemente, o e-commerce no Brasil continuou a expandir, com um crescimento significativo em 2023. O aumento da digitalização e a adaptação de novas tecnologias, como inteligência artificial e personalização, têm sido fatores-chave nesse desenvolvimento contínuo. O mercado brasileiro de e-commerce é agora um dos maiores da América Latina, com expectativas de crescimento contínuo à medida que mais consumidores adotam as compras online como parte de suas rotinas diárias.
O consumo atual e a tecnologia
Hoje, os consumidores procuram verdadeiras experiências e preferem pagar mais para serem bem atendidos. Por isso, as lojas que querem atingir mais clientes e vender mais tentam, com o auxílio das novas tecnologias, satisfazer os clientes da melhor maneira possível.
As tecnologias fizeram com que a relação entre vendedor e consumidor se estreitasse, já que o cliente passou a manter um maior contato com o estabelecimento, enviando mensagens e sendo respondido com certa rapidez e com facilidade. Isso é cômodo tanto para o vendedor quanto para o cliente, que podem perguntar e responder quando quiserem e de onde estiverem.
Além de beneficiar essa relação, a evolução da tecnologia e da internet permitiu que uma mensagem atingisse mais pessoas com uma enorme rapidez. Uma promoção, por exemplo, pode chegar às telas de inúmeras pessoas em questão de minutos, e caso essas pessoas compartilhem a informação, inúmeras outras a receberão e assim por diante.
Coletar, analisar e organizar dados de forma simples também foi um dos privilégios que a tecnologia proporcionou ao varejo. As planilhas foram deixadas de lado e substituídas por programas que fazem esses processos instantaneamente.
A Casting, da SER, é uma solução que faz esse tipo de procedimento. Com ela, é possível acompanhar o progresso de metas da loja e de cada vendedor, saber quais produtos foram vendidos, identificar o ticket médio, e mais; tudo isso por meio de gráficos com dados selecionados e organizados em poucos minutos, a qualquer momento e em qualquer lugar.
A tecnologia da Casting
Por fim, a Casting é um ótimo exemplo de tecnologia que auxilia o varejo, já que possibilita, também, a realização de treinamentos curtos e focados via smartphone. Portanto, isso minimiza encontros presenciais, que gastam cerca de 20% de um tempo que pode ser usado em proveito de outras atividades e que diminuem o faturamento.
Neste post, apresentamos um quadro completo da história e da evolução do varejo no Brasil, mostrando a transformação desse setor e as tendências atuais. Saber essas informações é essencial para preparar o seu negócio e para acompanhar as novidades, mantendo a competitividade.
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Texto publicado orialmente em: 14/06/2018