“Possuir vantagem competitiva é ser melhor que os outros em alguma coisa”. A afirmação, do diretor-superintendente do Sebrae/PR, Allan Marcelo de Campos Costa, durante o painel “Foco Competitividade: Tendências e Tecnologias”, deu o tom aos debates promovidos pelo Paraná TIC, evento de tecnologia da informação e comunicação que reuniu em Curitiba, semana passada, mais de 300 empresários do setor.
O Paraná TIC, uma realização do Sebrae/PR, Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação (Assespro Paraná) e Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI), contou com a presença de um ‘time’ de especialistas, que falou sobre tendências e inovações para o setor, analisadas em palestras e painéis, durante dois dias.
Para Allan Costa, investir no capital humano é fundamental, afinal, quem gera diferenciais competitivos, ou as chamadas vantagens competitivas, são as pessoas. Na avaliação do diretor-superintendente do Sebrae/PR, a tecnologia é copiável, entretanto cultura não pode ser copiada.
Como a vantagem competitiva agrega
Cingapura, país do sudeste asiático que ocupa a primeira posição no ranking Doing Business 2012 – classificação produzida anualmente pelo Banco Mundial (BIRD) sobre a facilidade de se fazer negócios em mais de 180 países – é um dos melhores lugares do mundo para se fazer negócios, lembrou Allan Costa.
“As leis, normas e regras em Cingapura não dificultam o desenvolvimento. Se não servem, são descartadas. As pessoas estão muito envolvidas no processo e fazem a diferença”, assinalou o diretor-superintendente do Sebrae/PR que, recentemente, comandou missão técnica de benchmarking para aquele país.
“O que Cingapura conseguiu fazer em 40 anos, por exemplo, é impressionante. País paupérrimo e sem recursos quando se separou da Malásia com PIB (Produto Interno Bruto) per capita muito baixo, mas hoje tem uma das 13 maiores rendas per capita do mundo. Tudo é focado em negócios. Portanto, eles possuem a consciência de que a sua vantagem competitiva no mundo é facilitar a realização de negócios.”
Allan Costa lembrou que as pequenas e médias empresas respondem por 99% dos negócios em Cingapura. “Entretanto, aqui há uma grande diferença no que tange à sua participação na adição de valor à economia, onde o segmento responde por 51% de todo o valor adicionado. Ou seja, as micro e pequenas empresas passaram há tempos da fase de subsistência e se encontram focadas na criação de valor elevado.”
Como deve funcionar o ambiente de vantagem competitiva
Foi um dos panelistas do Paraná TIC. Ele fez um esboço de como deve funcionar um ambiente de vantagem competitiva em tecnologia da informação e comunicação. Primeiramente, ele indicou a adoção de práticas de gestão com foco contínuo e extrema disciplina. “Em um ambiente indisciplinado, aumentam as chances de ameaças, dessa forma, não se tem tempo para a tomada das melhores decisões.”
Uma empresa competitiva, na avaliação de Dreyfuss, tem que ter em mente três focos: venda continuada, definição de portfólio e processos de inovação. “A empatia nata do brasileiro é uma vantagem competitiva, o que gera laços com o cliente e portanto, a venda continuada”, analisou o especialista do Gartner Research.
Ele ainda recomendou que a definição do portfólio deve ser feita a partir de uma necessidade de mercado e que os processos de inovação só servem se forem puxados pelos negócios. No entanto, o maior problema no Brasil, segundo o vice-presidente do Gartner Research, é a dificuldade das empresas, incluindo as de TIC, na adoção de quesitos como planejamento, metodologia, controles e processos.
“O Brasil não é muito bom em planejamento, metodologias e controles, provavelmente devido aos problemas econômicos que o País já sofreu, com grandes índices de inflação”, comentou. Dreyfuss destacou a criatividade e o improviso como comportamentos característicos dos brasileiros, mas deixou claro que para ter sucesso nos negócios, é preciso adotar processos. “A disciplina vem antes do foco. Nós temos dificuldades em disciplina, e assim, sem ela fica mais difícil implantar o foco”, frisou
Tendências, desafios e soluções
Segundo pesquisa realizada pelo Gartner Research, as tendências em tecnologia da informação e comunicação, para o próximo ano, estão divididas em grandes grupos: Informação, Mobilidade e Cloud Computing (computação em nuvem). José Carlos Duarte Gonçalves, CTO (Chief Technologist Officer em inglês, uma espécie de diretor-executivo de Tecnologia) da IBM, também deixou seu recado para os empresários do setor. Ele também participou do painel “Foco Competitividade: Tendências e Tecnologias”, do Paraná TIC. Para o representante da IBM, as empresas precisam responder rápido. “Os usuários e os clientes não esperam.”
‘Apagão’ da mão de obra
José Carlos Duarte Gonçalves informou que a IBM faz parcerias com universidades e investe em parceiros, não só trazendo esses profissionais para a empresa, mas também os colocando no mercado. “O diferencial são as pessoas e a cultura. A Coreia do Sul, por exemplo, não investiu só em educação, mas em um conjunto. Dessa forma, temos que pensar em um contexto completo.”
Cassio Dreyfuss, do Gartner Research, afirmou que, no Brasil, o setor de tecnologia da informação ainda não despertou o devido interesse nos governos. “Com as leis trabalhistas e os impostos que temos aqui é muito difícil ser empresário. A luta é desigual com países onde os governos apoiam o setor, como a Malásia, Coreia e Índia.”
Resultado positivo
Para o gerente de Programas Estaduais do Sebrae/PR, José Gava Neto, o mercado de TIC vive um momento de ascensão. De 2008 a 2010, o setor cresceu algo em torno de 10%, de acordo com estudo encomendado pelo Sebrae/PR. “Mídias sociais, mobilidade, computação em nuvem são temas-chave trabalhados hoje pelo setor. Que ainda tem desafios a superar como o de manter times de profissionais qualificados. ” Gava Neto falou ainda da importância de os pequenos negócios de TIC investirem em inovação, para então consolidar posição no mercado.
O coordenador estadual de TI do Sebrae/PR, Emerson Cechin, avaliou como positivo o resultado do Paraná TIC. Todos os temas debatidos, durante o evento, na opinião do coordenador, têm a ver como o momento que vive o setor. “Especialistas falaram, durante dois dias, sobre temas relevantes como capital humano, conhecimento, tecnologias, tendências, modelos que deram certo. Enfim, foram abordados diversos aspectos que impactam diretamente na competitividade empresarial. Foi um aprendizado que vai render frutos no futuro”, observou Cechin.
FONTE: Savannah Comunicação Integrada
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